A atitude perante a formação!
Ao longo de toda a minha vida, tenho procurado adquirir novos conhecimentos, quer seja nas áreas técnicas com que trabalho, quer seja nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e Recursos Humanos, quer seja noutras áreas e projetos em que me vou envolvendo.
Focando-me na minha atividade principal, se eu não tivesse, por opção, procurado a todo o tempo fazer formação, não seria certamente a pessoa que sou hoje!
Nós somos o somatório do que aprendemos, o que, muitas vezes, só depende de nós!
É certo que para quem trabalha por conta de outrem, neste caso para o Estado, a formação é um dos deveres das entidades empregadoras, sobre isso, não há dúvida, mas também sabemos que não é ainda uma realidade em muitas organizações, enquanto plano de formação anual que dê resposta às necessidades que seriam desejáveis.
Infelizmente, a formação nem sempre é vista como algo agregador e importante. Mas esta falta de visão não está só do lado das entidades empregadoras, muitas vezes, são os próprios trabalhadores que não estão interessados e que, nalguns casos, até se recusam a ir.
Mas afinal o que significa para ti fazer formação?
A título de exemplo, mas de encontro à nossa realidade, num país onde a criatividade legislativa, mais parece uma maratona de quem produz mais legislação por ano, em que não há, sequer, capacidade para consolidar as matérias, e que a única coisa que é garantida é instabilidade e insegurança constante para quem as tem de aplicar, já justificaria, só por si, formação continua devidamente organizada todos os meses!
Atualmente existe formação para todas as áreas e tipos de atividade! Todos temos oportunidade de incrementar a qualidade do nosso serviço! A formação existe!
Formação significa mais produtividade, porque é espectável que se melhore o processo, as metodologias de trabalho, permitindo agregar mais conhecimento que, por sua vez, aumenta a autoconfiança para exercer a atividade e garante atualização.
Por outro lado, formação significa maior capacidade de adaptação à mudança, porque permite entender o porquê das coisas, reunir a informação necessária para evitar que, por desconforto ou insegurança, seja mais um a oferecer resistência!
E por fim, melhora sem dúvida a própria realização, porque aumenta a capacidade e competências para fazer melhor e de forma mais acertada, melhorando os padrões de desempenho e de iniciativa!
A formação é muito mais do que conhecimento, é troca de experiências, é conhecer pessoas novas e uma oportunidade para alargar a rede de contactos que, no momento próprio, pode fazer toda diferença.
Os últimos tempos revelaram-se oportunidades para uns e desperdício para outros. Os confinamentos que nos tiraram do convívio dos amigos, das rotinas sociais e atividades, nossas e dos filhos, para mim, foram uma oportunidade para assistir a dezenas de vídeos, nas mais variadas áreas, e que, garantidamente, contribuíram de forma positiva para a pessoa que sou hoje!
Hoje em dia, temos ao nosso dispor formação on-line, gratuita, sobre todas as matérias possíveis e imaginárias, é só uma questão de investir um pouco de tempo para encontrar aquela que melhor dá resposta à necessidade do momento.
Tudo depende da iniciativa e atitude de cada um.
Há os que pensam que, “se não me proporcionam formação é porque acham que o que sei é suficiente para as minhas tarefas”; há outros que vão, mas quando chegam fazem um reset, porque afinal foi apenas uma oportunidade para estar fora do posto de trabalho. E há os que vão, aproveitam, gostaram, mas depois não passa disso, arrumam as pastas no armário e lá ficam lá até ser necessário fazer uma limpeza a fundo.
Felizes daqueles que terminam a formação e, para além de partilharem a informação, apresentam proposta de melhoria, de interpretação, de alteração de procedimentos!
Talvez seja uma responsabilidade de quem dirige, dar oportunidade ao trabalhador que assistiu à formação dar o seu feedback e sugestão sobre o que é que a formação vai contribuir para o seu desempenho e da organização.
Afinal, “conhecimento sem ação é pura ilusão!”
No fundo, todos devemos zelar para que aumente a eficácia da formação. Não é suficiente fazer sentido, tem de estar alinhada com os objetivos e interesse do Serviço e do trabalhador, para que a participação possa ser consequente.
Talvez as próprias ações de formação devam ser reajustadas em função da realidade dos grupos, com maior assertividade. Quem não participou em ações que são completamente desfasadas da nossa realidade. Falar de Administração pública quando estamos perante um grupo da Administração Local, cujo enquadramento, legal e de funcionamento é complemente distinto, cultura geral, que não faz mal a ninguém, é certo, mas num contexto em que os recursos são poucos, a gestão e logística necessária para proporcionar a formação é tão complicada, que não acertar, é quase como que fazer mais um corte no vencimento, afinal, as horas a que tinha direito já foram descontadas!
A escolha da formação e a avaliação prévia da mesma é cada vez mais importante, pelo que, o planeamento é sem dúvida uma das chaves do sucesso!
Aproveitando a oportunidade, e admitindo que não é do conhecimento de todos, existe a figura da autoformação. Uma ferramenta que está ao dispor de qualquer trabalhador, com um enquadramento legal específico, ainda distinto para a Administração Pública e Local. No caso da Administração Local, são cerca de 100 horas para Técnicos Superiores e 70 para as restantes carreiras. Sujeito a autorização, e a expensas suas, é certo, mas que corresponde a trabalho efetivo. O importante é que haja bom senso e se afetem essas horas a formação que seja agregadora de valor para a sua missão na entidade!
Conhecimento, implica agregar e desagregar, novo conhecimento implica desconstruir o “velho”, mudança implica sair da zona de conforto!
Não fiquemos agarrados ao diploma/certificado que um dia nos deu acesso ao posto de trabalho que temos hoje!
Afinal nós não temos um posto de trabalho, temos uma missão e quanto maior for a amplitude do nosso conhecimento, maior será a amplitude do nosso impacto na comunidade!